Bovino “cabindês” tentou avisar  sobre catastrófica liderança de JLo

Bovino “cabindês” tentou avisar  sobre catastrófica liderança de JLo

Bovino “cabindês” tentou avisar  sobre catastrófica liderança de JLo

Em Abril de 2017, muitos angolanos, esperançados com o dia a seguir à tardia partida do falecido Presidente José Eduardo dos Santos do poder, acompanharam o seu já conhecido substituto, João Lourenço, num verdadeiro corta mato da corrida eleitoral, antecipando comícios e outras actividades ao arranque oficial da campanha eleitoral, prevista para Agosto daquele ano.

image-48 Bovino “cabindês” tentou avisar  sobre catastrófica liderança de JLo

Por:Graça Campos

Tomados pelo pela impaciência, causada pelo cansaço provocado pelo longevo consulado do então considerado “Líder Clarividente”, a generalidade dos angolanos, sobretudo os militantes do MPLA, dominados pela ânsia de substituir o velho e cansado governante, desprezaram o que lhes pareceu um pequeno e insignificante incidente ocorrido em Cabinda e que teve como protagonista um boi.

Tomado como um gesto próprio de um animal irracional como é suposto ser qualquer boi, quase angolano nenhum viu na atitude do quadrúpede uma premonição do que hoje está mais do que provada desqualificação de João Lourenço para assumir a Presidência da República que estava a ser “costurada” em Cabinda. 

Deslocando-se àquela província num esforço balofo demais para os resultados do sufrágio do círculo eleitoral, no qual, em 2017, o MPLA cedeu terreno à oposição, numa  tendência que que se acentuou em 2022, o Candidato Certo, como, ingenuamente, o seu partido o marcou para a corrida, levou uma aparatosa caravana com dirigentes de estruturas nacionais, arrivistas, bajuladores, kuduristas, xinguiladores ou bunguladores, identificada com as cores do seu partido, em que se destaca o vermelho vivo da bandeira. 

De tanto espalhafato infligido ao quotidiano daquelas populações, a obesa caravana ida de Luanda e seus anfitriões viriam a colher, também eles, a sua dose de dissabores quando, ao despedir-se dos visitantes, a primeira secretária provincial do MPLA e governadora de Cabinda, Aldina Catembo, presenteou o dito “Candidato Certo” João Lourenço com animais vivos, como mandam as regras da hospitalidade ibinda.

Na tradição daqueles povos, o visitante é presenteado com um animal vivo, porque, deixando-o ao cuidado de criadores locais, é compelido a regressar, criando laços com a província.

Mas, entre os animais incluídos na “cesta” da esperta Aldina Catembo, nessa altura já com a mente e os olhos postos na recondução ao cargo, estava um portentoso touro de algumas centenas de quilos que, não tendo sido avisado ao que ia e vendo-se no meio daquele ambiente pejado de vermelho, começou logo a avivar uma indisfarçada hostilidade, à procura de um alvo. 

Concentradas nos gestos e palavras do Candidato Certo, muitas poucas pessoas deram conta do desconforto e agitação do animal. Ignorado, não demorou muito até o boi apanhar tracção e dirigir-se, a soprar pelos bofos, ao ângulo do aeroporto (onde se deu o acto de despedida) em que João Lourenço se encontrava num descontraído banho de abraços e apertos  de mão. 

O touro já tinha “engatado” a velocidade cruzeiro quando a sua trajectória foi corajosamente interceptada pelo couro indefeso do esposo da primeira secretária Aldina da Lomba. Adivinhando-lhe as benéficas ou maléficas intenções, dependendo do ângulo de cada um, o marido da governador e num exercício de que poucos mortais são capazes, deu o corpo às balas, enfrentando olho nos olhos o enfurecido animal.

Pessoas que testemunharam o episódio disseram naquela altura que o touro não queria “conversas” com outra pessoa que não fosse o “Candidato Certo”.

Mas, apesar da tenaz oposição do “camarada” Catembo, e impulsionado pela inércia, o furioso touro ainda distribuiu, já com menos violência, é verdade, trombadas a alguns sobas e sobetas alinhados para as despedidas ao Candidato Certo.

No seio do MPLA, as abordagens a esse incidente circunscreveram-se a alguma bisbilhotice dos que, querendo mostrar serviço, qualificaram como imprevidente o acto da governadora enquanto outros se “entretinham” a ponderar as eventuais consequências do ataque do bovino ao Candidato Certo.

Com excepção deste portal, o país viu no facto apenas mais uma trapalhada das muitas assinadas pelo partido no poder.

Nessa altura, a poucos angolanos ocorreu que os animais farejam os desastres à distância: muitos ainda temos memória das notícias  que referiram que referiram animais, nomeadamente elefantes e aves, previram o tsunami de 2004, na Indonésia, e fugirem atempadamente para locais mais altos, inacessíveis até mesmo para as assassinas águas.  

É provável que, naquele ambiente de Cabinda, o touro tenha percebido a toxicidade e o enxofre que hoje caracterizam a liderança do país e tenha tentado avisar-nos da iminente catástrofe. 

Tivéssemos percebido isso e teríamos evitado a atrocidade cometida contra o premonitor bovino, destroçado, quase imediatamente, a tiros de AKM  e à catanada.

Mesmo não se conhecendo os verdadeiros propósitos do touro cabindês, quase se pode garantir que o animal pretenderia inviabilizar o reinado absolutista em que Angola se consolida a cada dia.

Poucos dias depois do embaraçoso incidente, a governadora Aldina da Lomba reduziu o episódio envolvendo o boi a uma “especulação mentirosa e grosseira”. 

Segundo ela, farto do espaço em que estava confinado, o animal soltou-se e caminhou calmamente por ruas e ruelas da cidade de Cabinda.

Mas, não explicou as razões por que um boi, que estaria em calma e pacífica passeata, foi crivado de balas e esquartejado à catanada.

O episódio de Cabinda prova que apesar da sua superioridade sobre os restantes, o homem ainda não domina todas as mensagens dos seus “irmãos” irracionais.

Com os imensos meios de diagnóstico hoje existentes, talvez até fosse possível perscrutar o cérebro do pobre animal para decifrar a “mensagem” que pretendia transmitir “pessoalmente” a João Lourenço.

Famintos, os militantes do MPLA que mataram o boi não deram nenhuma hipótese à ciência: retalharam rapidamente o animal e cada um levou para casa o que achou que lhe cabia.

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