ISABEL CRUZ “SOU UMA PEDRA NO SAPATO DO EMBAIXADOR DA BÉLGICA” A CREDITADO EM ANGOLA

ISABEL CRUZ “SOU UMA PEDRA NO SAPATO DO EMBAIXADOR DA BÉLGICA” A CREDITADO EM ANGOLA

Isabel Soares Cruz, presidente da CCIAB “O embaixador da Bélgica é imaturo, não está preparado para ser diplomata”
Agastada com o embaixador do Reino da Bélgica, Josef Smits, a líder da Câmara de Comércio e Indústria Angola-Bélgica (CCIAB) promete processá-lo enquanto continuar a pôr em causa o seu bom nome e da câmara que dirige. Determinada a ajudar o Governo, Isabel Elisa Soares
da Cruz desafiou-se a si mesma no sentido de “falar pouco e fazer mais”.Minhas senhoras e meus senhores eis a conversa com esta destemida jovem mulher que diz estar com o Presidente João Lourenço na luta pelo desenvolvimento,

No seu pronunciamento, o embaixador belga, admite haver em Angola um ambiente de negócios “difícil” por causa da“burocracia”. Está certo?
Desminto categoricamente e digo que não é verdade.

Hoje as coisas estão mais flexíveis.

WhatsApp-Image-2023-06-04-at-15.06.42 ISABEL  CRUZ “SOU UMA PEDRA NO  SAPATO DO EMBAIXADOR DA BÉLGICA” A CREDITADO  EM  ANGOLA

Temos as coisas mais orientadas, porque antigamente era uma abertura abismal, que qualquer europeu ou estrangeiro quando chegasse tirava a sua parte e levava sem pensar no angolano.
Hoje o Presidente da República no seu novo mandato está a ‘apertar’ as coisas para que tudo esteja no seu devido lugar.
Esta é a luta que está a existir no nosso país.
Portanto é falso dizer que o ambiente de negócios ainda é precário?
Totalmente falso. Por isso é que lhe provei o contrário, quando me desloquei de Luanda para o Cuando Cubango, levando financiamento e não investidores.
Levei financiamento espanhol que está disponível para acudir alguns problemas sociais existentes naquela província.

Quais são os problemas identificados
que podem ser alvo desse financiamento?
Eu não posso admitir que uma província
que tem um dos maiores rios de Angola,
não tenha uma fábrica de água. Não
posso admitir que para sair de Menongue, capital do Cuando Cubango, para ir a um dos municípios da província tenha que andar num Unimog. Então se tenho um financiamento para ajudar o meu país, será que não posso? É impossível não ajudar! Como ajudar?
Tenho um lema: só um aleijado sabe a dor do outro aleijado. Então digo mais:
só um angolano sabe o sofrimento extremo de outro angolano. Eu como mulher,filha e mãe ao mesmo tempo, sei o que uma mãe sofre não ter o que dar ao seu filho para comer. Para mim isso é uma dor. Nós, mães, quando geramos filhos
é para que cresçam num ambiente tranquilo e seguro. Quando você vai e sabe
que em casa nada deixaste, você como mãe és uma pessoa morta. E nós como
mulheres vamos lutar até ao fim pelo desenvolvimento sócio económico do
nosso país. Senhor Presidente da República João Lourenço estamos contigo.
Somos jovens com ‘sangue quente’
, para provarmos o contrário a certas pessoas que vêm cá fazer grupinhos para desestabilizar o nosso país. Estamos juntos para fazer uma Angola melhor.
Mas porque escolheu o Cuando Cubango para aplicar esse financiamento espanhol?
Fui fazer a visita, porque tive uma oportunidade de financiamento. Fui bem recebida pelo governador José Martins.Fizemos trabalho de campo com os funcionários das instituições e mostraramnos as dificuldades extremas existentes no Cuando Cuabango. Eu sou patriota e nada me fará sair de Angola.

Fizemos o trabalho de campo e tudo correu bem. Mas quando um branco não pode ver um negro no topo, para vele é uma dor de cabeça.

Neste momento sou uma dor de cabeça para o embaixador da Bélgica.
Porquê?
Por que ele está a ver que esta menina não podia ficar neste lugar. Acha que quem devia estar neste lugar é uma ou um belga.

Eu lhe digo que o colono saiu mas deixou os seus fiscais que não conseguem deixar os africanos desenvolvimento.verem-se livremente. Acreditam que só eles têm capacidade de fazer as coisas
e nós angolanos não. É o complexo de superioridade que têm. Como jovens e olhando para o repto do Presidente João Lourenço de que “vamos todos fazer uma Angola melhor”, temos de lhes mostrar o contrário. Vamos ajudar o nosso Presidente porque está com boas políticas que futuramente farão que os
nossos filhos vivam bem no país e deem continuidade.
Portanto, o comunicado do embaixador belga caiu-lhe mal?
É lamentável.

O embaixador quebrou os princípios da diplomacia. Para mim ele não é um diplomata, porque se ele
quiser me atacar que ataque primeiro o
Ministério das Relações Exteriores (MIREX). O MIREX sabe da nossa existência,.
Tanto é que já fizemos actividades com a presença do ministro Tete António.
Portanto, estamos perfeitamente documentados.
Nunca tiveram trabalhos conjuntos com a embaixada?

Na abertura da Federação das Câmaras,o Presidente da República incentivou a abertura das câmaras. E na abertura desta nossa câmara entramos em contacto com o primeiro secretário da embaixada
da Bélgica e o notificamos. Mas a embaixada apenas dá apoio institucional. Isso não é propriedade do Estado, mas dos empresários angolanos que se vão conectar com homólogos belgas para
fazer negócios. Na ocasião, o diplomata pediu que informasse sobre as empresas
belgas existentes na câmara.

Quantas empresas controla?
São mais de 30 empresas, oito das quais
belgas, o resto são angolanas.

Na senda do pronunciamento mandamos mais de 20 cartas. Vimos que estávamos a
ser sabotados, ou seja, fomos ignoramos. Quando alguém se manifesta você tem que dar uma resposta positiva ou negativa. Era necessário avançar com o projecto. Então avançamos com um memorando de entendimento com a Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações de Angola (AIPEX). Porque AIPEX? Há empresários que vêm directamente para a AIPEX e outros que não a conhecem e precisam ser encaminhados.

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O empresário vem é encaminhado para a AIPEX, daí segue para os ministérios da Economia e das Finanças e tem o financiamento encaminhado. Portanto, fazemos o nosso trabalho desde Novembro de 2020, quando criamos a câmara. Hoje surge o embaixador com essas artimanhas de modo colonial, é triste. É um colono? Esse é um colono e nós os negros temos de perceber. Eu fui recentemente
ao Ruanda fazer um fórum de negócios
e notei que no Museu do Genocídio o
branco não entra por vergonha, porque os belgas fizeram com que os irmãos negros ficassem uns contra os outros. Temos que ter uma visão ampla das coisas.
Não devemos ser de fácil manipulação, porque nem tudo o que o branco diz está certo. É mentira.
Concretamente qual é o valor do financiamento que levou para o Cuando Cubango?
O valor do financiamento por cada projecto é de 500 milhões de euros. É issoque trouxe dor de cabeça ao embaixador, porque não estou a levar financiamento belga. Trata-se de financiamento,de uma empresa espanhola que está cá há cinco anos. A mesma que já financiou projectos de mais de três ministérios. Será que esta empresa não é credível?Penso que é. Isto significa que há uma
rede de grupinhos que pensa que quem deve trazer financiamento só pode ser o branco. Não, até o angolano pode trazer financiamento para o nosso bem comum.
Está a ser alvo de racismo?
Exactamente. Racismo, calúnia e difamação. Mas eu estou satisfeita porque afinal sou uma dor de cabeça para ele.
Noto que o embaixador é imaturo, não está preparado para a diplomacia.
O que pensa fazer?
Vou processá-lo porque ele não pára e está em causa o bom nome da câmara.
Isso não põe em causa a entrada de
dinheiro fresco’, ou seja, mais investidores?
Sou presidente da câmara e o nosso foco maior não deve ser só os belgas. Onde encontrar abertura para o desensenciolvineto do meu país vou, ainda que seja no Qatar, vou porque estou à procura de soluções para ajudar o Presidente da República nesta caminhada.
E o negócio com os belgas anda apenas à volta dos diamantes, certo?
Isso está claro. Ele (embaixador) fala de burocracia, pensa que isso é como anteriormente que qualquer indivíduo belga chegava aqui num jato privado ia para a Sodiam e levava tudo o que quisesse.
Mas agora, como se pôs um travão nisto,é por isso que diz que há burocracia, porque não querem seguir os passos da lei.
Não existe burocracia nenhuma. Por isso é que estamos a ser guerreados por eles.
O interesse dos belgas é apenas nas pedras brilhantes?
Diamantes e o seu corte porque são fortes nisso, incluído portos. Por isso é que
chamo atenção ao nosso Estado para vermos que grupos são esses que querem desestabilizar o nosso país. Temos de proteger o nosso país. O angolano será melhor como patriota, se não nunca
teremos nada.
Está animada em captar mais investimentos?´

Este mês estou a pensar ir para Israel ver como se pode fazer agricultura por cima de uma montanha. Vou andar pelo mundo para defender uma nova Angola para os nossos filhos. Mas antes peço ao MIREX para que se manifeste porque esse indivíduo que se diz diplomata não está exercendo seu papel. Pensa que
estamos em Matongué na praça lá na Bélgica. O nosso embaixador na Bélgica
Mário Constantino nunca irá a imprensa atacar um belga. Isso só existe em Angola.
A lógica dos brancos é que só devem pensar por nós?
Lógico, porque acham que eles é que sabem mais, logo, são superiores. Então se assim então temos de fechar as universidades. Como olha para o desempenho do Governo?
Vou falar de mim pela abertura da câmara. Temos associados locais a nós que estão a ter bons resultados.

Antes tinham muitas dificuldades estavam bloqueados nas Finanças e em outras instituições,
mas isso foi ultrapassado. Nós chegamos lá porque somos parceiros do Governo.
Hoje já vemos o resultado da boa governação. Fala-se muito do mal estar do poder
judicial. Isso não influencia negativamente o ambiente de negócios?
Não penso assim. Será que está tudo,bem em nossa casa? Os nossos filhos
em casa também nunca estão totalmente felizes. Sou de Maquela do Zombo de
Mavoyo, e até aos 20 anos em casa dos país nunca consegui ir a uma discoteca.
O meu pai dizia que quem está em sua casa homem ou mulher tinha de obedecer às regras. Então temos de obedecer as regras do país.
E esses que falam em fraquezas do

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poder judicial? As pessoas dizem, vão falando sempre.Temos que olhar para o crescimento,porque ouvir dizer é que destroi as famílias. É isso que pode atrasar o país.Temos de seguir as regras para o bem comum. Temos de passar a acção e não no ouvir dizer. É por isso que ao nível da camara abrimos um gabinete para cada
um apresentar ideias e soluções para atacar os problemas.
Que problemas elenca, por exemplo que devem ser já atacados?
Como mulher e mãe tem de se prestar atenção a organização da mulher zungueira. Temos de criar junto do ministério de tutela uma saída para a mulher zungueira que vai à rua com o filho às costas.
Angola caminha para a Zona de Comércio Livre Africana, mas com a maka das infraestruturas. Isso não entra na vossa equação?
As infraestruturas são para se ir fazendo.
O trabalho que estamos a fazer vai exactamente nesse sentido. Em Benguela, por exemplo, temos elevadas quantidades de sal que estavam armazenadas. Fizemos o marketing e esse sal já está a
ser comercializado, até para atender as petrolíferas, porque antes importavam o produto de Portugal. De resto, estamos aqui também para dinamizar não só negócios, mas também a cultura. O
lançamento do livro do antigo ministro da Justiça Francisco Queiroz ‘O Grande império Kassitur’, uma obra de previsão do futuro daqui a 150 anos lançado em Kigali.

Extraido do jornal Pungo a Ndongo

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